De Fernando de Pádua

28.5.08

DIA MUNDIAL DA HIPERTENSÃO (HTA) - Meça a pressão aerterial em casa

O nosso Mês do Coração foi presenteado com mais uma data – Dia Mundial da HTA, a 17 de Maio. Foi no 1º Dia Mundial da HTA em 7 de Abril de 1972 que começámos a festejar o dia do Coração, dia que depois foi semana, e por fim ficou mês, devido à entusiástica adesão do País inteiro e de toda a comunicação social, ano após ano.

O lema que a Associação Mundial de Hipertensão lançou este ano é velho conhecido de todos nós. Foi na década de 70 que desencadeámos a criação de postos de controlo da HTA em centros de enfermagem, quartéis de bombeiros e por fim os Centros de Saúde aderiam espontaneamente e centenas de pessoas compraram um esfigmomanómetro.

Pedimos e continuamos a pedir ajuda às Igrejas que mais do que nunca a deveriam dar, quando a própria Pastoral recomenda que além de ajudar os doentes a Igreja deve ajudar as pessoas a não serem doentes. À saída, em Domingos e dias santos, é uma hora de relax onde um ou dois voluntários podem medir a tensão arterial a todos os que o solicitem, descobrindo assim muitos “hipertensos desconhecidos”, e ajudando à vigilância de alguns que estão em tratamento!

Uma ajuda preciosa surgiu duma classe muito sabedora e prestigiada de profissionais de saúde – os Farmacêuticos, pioneiros no Distrito de Setúbal (Programa CINDI Portugal, Governo e OMS) e depois em colaboração com a Associação Nacional das Farmácias, a nossa Luta contra a HTA obteve assim ajuda preciosa, uma vez que para lá da literatura também CDs educativos, campanhas organizadas e formação especifica tem sido doados pela ANF.

Meça a tensão arterial em casa é o aviso reiterado agora, em todo o Planeta, pela Associação Mundial da Hipertensão. Na sua casa (e na dos amigos e vizinhos) na sua farmácia, na sua Igreja e em todos os locais possíveis não deixe de controlar a tensão arterial fora das visitas ao seu médico (para melhor tratamento e evitar a “tensão da bata branca”) – o controlo da hipertensão, a melhoria da pré-hipertensão e a promoção da (saúde mantendo a tensão normal-baixa) são um seguro de vida que se deve fazer desde pequeno! E apelo para os Sub-20 (jovens dos 0 aos 19 anos): façam desde já um seguro mental contra o sal, o tabaco, o álcool, a diabetes, a obesidade e o sedentarismo. E apostem na actividade física!

Que cada um, jovens e adultos, aprenda a cuidar de si próprio. O seu coração - e as pessoas que nele guarda - todos agradecem!!!

7.5.08

MUSICA E QUALIDADE DE VIDA

Vi uma vez Rao Kiao, num Congresso de Cardiologia, tocar flauta no Mosteiro da Batalha, ele próprio deslumbrado pela sonoridade daquelas abóbadas.

Vi em Praga há poucos anos, múltiplos concertos em capelas, igrejas e algumas catedrais profusamente noticiados nas ruas da cidade. E ainda corri deste para aquele programa, duma para outra capela, querendo aproveitar as obras de que mais gostava.

Tentei ainda, à volta, em defesa da qualidade de vida, que se fizessem concertos nas Igrejas do nosso País, sábado ou domingo à tarde, após ou antes das cerimónias da Missa. Os idosos andariam a pé para lá ir, e os netos podiam acompanhá-los e ampará-los, à ida ou à vinda, e todos beneficiariam: exercício, lazer e convívio intergeracional. Os nossos coros comprovam a qualidade acústica dos templos e a música eleva-nos a todos. Ainda tentei um pequeno quarteto patrocinado pela nossa Fundaçao, na Igreja de Sta. Isabel, em Lisboa sensibilizando para tanto o Padre José Manuel. Sol de pouca dura – cada um dos estudantes do Conservatório divergiu para destinos opostos, e tudo findou antes de começar. Não fui mais compreendido.

Relembro tudo isto ao ver nos “sessenta minutos” da Sic – um visionário na Venezuela, que apostou em ensinar música clássica às crianças dos bairros de lata em Caracas, a contar do seu entusiasmo e do seu sucesso. Neste momento há 300.000 (!!!) crianças no País divididas em pequenas orquestras por cidades e aldeias. Começam a sentir-se gente aos 3 anos, transportando pequenos violinos, trompetes ou clarinetes. Os mais velhos – antigos casos difíceis, com cicatrizes de lutas na face, a tocarem, melhor ou pior, mas felicíssimos, e outros já em grandes orquestras, que foram recebidas no Carnegie Hall em Nova Iorque ou no Royal Festival Hall de Londres!

Visionário sim, mas quem viu o programa, viu o entusiasmo das crianças, viu as dimensões dos conjuntos, viu até o incrível dinamismo do jovem maestro de uma orquestra de mais de 100 elementos, ele também Sub-20, até aí sem rumo.

Onde está o nosso melómano que resolve criar o 1º quarteto no Casal Ventoso ou na Cova da Moura??? 300.000 é um milagre de anos de luta! Mas que melhor qualidade de vida se pode dar para quem quase vida não tem? 3? 30? 300? O importante é começar!

MAIO É O MÊS DO CORAÇAO?

Maio é o mês do coração de nós todos. Mas o mês do seu coração deve ser o mês em que faz anos – e assim haverá no ano inteiro pessoas atentas ao coração, à tensão, ao passeio a pé, e essas vão ajudando outras à sua volta a olharem também pelo seu coração.

Maio é também o mês do meu coração – que melhor maneira de o festejar que assinar um Protocolo em Almodôvar – “terra do meu coração” – com uma equipa entusiasta, com mãos cheias de solidariedade, a comprometerem-se todos, o Presidente da Câmara António Sebastião, a Dra. Maria do Rosário Directora do Centro de Saúde, e todos os Professores, Pais e Avós sensibilizados para o CINDI dos Sub-20 (os jovens dos 0 aos 20 anos), todos decididos a ajudar todas a juventude de Almodôvar, para que não cheguem a adultos já com doenças pré-fabricadas: fumadores, pré-hipertensos, obesos e pré-diabéticos!

Todos os dias de Maio equipas vão passar por todas as diferentes freguesias do Conselho “pregando” saúde, medindo a tensão arterial, rastreando o tabagismo, controlando o peso e o índice de massa corporal e aconselhando, explicando e ensinando como promover a saúde, combater a preguiça e evitar o tabaco, o álcool, o sal e as gorduras!

Tudo isto vivi ontem, 5 de Maio, com os familiares (com os jovens da minha infância), com os Pais que já eram Pais e agora são Avós, e com os Professores, Autarcas e Crianças, todos devotados a esta causa, querendo já ser actores no Programa “Almodôvar + Saudável”.

E nasceu a Delegação de Almodôvar da “Fundação Professor Fernando de Pádua”.
Que enorme presente de anos eu recebi, no mês do meu coração!!!

2.5.08

O SAL EM RIO MAIOR

O grupo WASH (World Action on Salt and Health) mantém activa a sua campanha em prol da saúde e contra o sal. Entre nós a ideia vai vingando e acabaremos por ter um acordo, como a Inglaterra já fez com a Industria, para reduzir o sal “escondido” em quase todos os alimentos processados ou enlatados. O Prof. Mac Gregor, Presidente do W.A.S.H. protesta agora contra a afirmação da Food and Drug Administration (que vigia os medicamentos nos USA) e se “lembrou” de dizer que o sal é “generally reccognized as safe”!

Não posso deixar de o apoiar com toda a força possível, pois o sal é o grande culpado da nossa HTA, dos Acidentes Vasculares Cerebrais e mesmo da grande maioria das doenças cardiocerebrovasculares – tudo começa pelo principio quando o bebé “perde” a maminha, querem-lhe dar papinha e ele chora, e ao provar a papa a mãe ou outro membro da família diz “está tão insonsa, é por isso que ele não gosta” e o bebé passa a gostar de sal.

A RTP2 veio hoje filmar-me numa pequena entrevista para a Sociedade Civil de 2ª feira – 5 de Maio sobre o trabalho de Rio Maior (quando a nossa equipa Drs. Pereira Miguel, José Forte, Correa Nunes, Evangelista Rocha, José de Pádua e Fernando de Pádua, e eu próprio, e com a ajuda de Maria de Lourdes Modesto, a nutricionista Manuela Resende e João Fonseca, ao tempo Presidente da Junta de Freguesia de Outeiro da Cortiçada), conseguimos a redução de 21 para 10 g o sal da sua alimentação.

Com controlo por análises dos alimentos e da urina excretada, cortando no bacalhau e salsichas, reduzindo o sal na comida e no pão, e favorecendo o peixe congelado e sobretudo usando ervas aromáticas para dar bom sabor aos alimentos, conseguiu-se baixar a tensão em toda a gente (hipertensos ou não) em média 5 mm Hg – o suficiente (sabe-se há muito) para baixar para metade o número de AVC, em cada grupo etário (já foi conseguido no Portugal todo, nos últimos 30 anos). É preciso fazer muito mais: a metade da metade!

Políticos, industria alimentar, e consumidores: a saúde é por demais importante para estar só na nossa mão – de nós médicos! Cada um tem de aprender a tomar conta da sua!