De Fernando de Pádua

20.6.11

Ai! Tensão

7 de Junho de 2011

Queria falar-vos , amigos que me lêem, da “Feira da Saúde” em Almodôvar, da Consulta Click e dos 15 anos da Liga de Amigos do Hospital Santa Maria, mas o impulso de hoje ultrapassa-me e tenho que dar aqui o meu testemunho do Grupo de alunos da Escola Vergílio Ferreira e o seu Projecto “Ai! Tensão”.
Para mim tudo começou quando um Grupo de 5 Alunos desta Escola, acompanhados por uma Professora, me procuraram dizendo quererem construir em projecto na escola sobre a Hipertensão e vinham pedir ajuda à minha Fundação (que tem o meu nome).
Para mim, quatro rapazes com um condottiero do género feminino, todos com anos e no 12º ano, pareceram-me uns “lunáticos” pois pouco pareciam perceber do tema, mas a presença de professora orientadora conferia-lhes idoneidade.
Falei com eles, e prometi a ajuda da Fundação. Não os desiludi, antes me mostrei disponível, bem como a Dra. Nilza de Assis, a psicóloga minha Assessora na Fundação, e a Dra. Margarida Francisco, Clínica do nosso Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva (pai e irmão da Fundação).
E fazendo curto todo o ano que passou, com um ou dois pequenos textos revistos, algumas conversas e uma palestra para os sub-20 da Escola e seus professores, chegou hoje (07/06/2011) o dia para que me convidaram: a sessão publica para apresentação do projecto em produto final.
E aqui a razão do meu súbito e transcendente impulso: os “4 mosqueteiros” (como lhes chamei) e a Mariana (que hoje fazia anos e comparei ao Senhor de Trouville do romance de Alexandre Dumas) duma assentada apresentaram:
 uma exposição teórica, detalhada e a 5 vozes, sobre o tema hipertensão arterial, causas e consequências, meios de diagnóstico e atitudes terapêuticas e depois sobre alimentação e obesidade.
 um filme sobre entrevistas, tipo médico-doente, feitas a colegas seus com hipertensão ou com hipotensão
outro filme com um grupo de cinco “professores” (eles próprios) explicando melhor os assuntos pendentes.
 os resultados de um rastreio feito aos alunos da Escola, que incluiu tensão arterial, índice de massa corporal, hábitos alimentares, actividade física, consumo de álcool e de tabaco.
 rastreio feito aos pais dos mesmos alunos procurando, por um lado, eventuais justificações genéticas ou outras ambientais, para as variações encontradas, notadamente pré-hipertensão ou mesmo tensão já anormal, ou excesso de peso.
 Interrogatório dos pais, com destaque para os hipertensos em tratamento, procurando avaliar os seus conhecimentos (ou falta deles, como se confirmou) sobre a própria doença de que padeciam.
 e finalmente rastreio da tensão arterial e dos hábitos alimentares numa faixa etária sub-10 da Escola CBC, a mais próxima da Vergílio Ferreira, para estudo dos valores tensionais e avaliação das preferências alimentares em crianças muito mais jovens.

Depois de mais de 40 anos do que tenho designado como a minha “Luta Nacional Contra a Hipertensão” (iniciada em 1972), e depois do desanimo por nunca encontrar doentes que, voluntariamente, assumissem a criação duma Associação que lutasse pelos seus próprios problemas (incluindo o diagnóstico e a terapêutica) e tentassem fazer o marketing da importância de mobilizar e dar o conhecimento a todos os sub-20 (dos 0 aos 19 anos de idade) como a faixa mais importante para uma especial prevenção a começar pela atitudes, comportamentos e estilos de vida - foi um deslumbramento e um quase choque emocional, ver a demonstração “viva e a cores” de como um pequeno grupo de jovens, inicialmente não motivados por doença sua ou de familiares, decidiu por si e em bloco:
 estudar a hipertensão arterial
 informar-se sobre causas possíveis e factores agravantes
 estudar métodos de diagnóstico e terapêuticas medicamentosa, bem como opções não medicamentosas (sobretudo comportamentos alimentares e estilos de vida – tabaco, sedentarismo, álcool).
 teatralmente (e cinematograficamente) transmitir esses ensinamentos aos seus colegas e professores
 rastrear a tensão arterial, dados antropométricos e hábitos alimentares, e outros, entre os seus colegas
 estudar os familiares dos seus colegas procurando eventuais correlações e estudar também uma amostra de crianças de grupo etário diferente e muito mais baixo.
 e apresentar de forma pedagógica os resultados dos seus estudos e das suas observações aos colegas, aos seus familiares e a outras crianças de outras Escolas e outros grupos etários.

Assim assumiram difundir o conhecimento, criar uma cultura de saúde, e exemplificar acções de rastreio em ambiente escolar, ou mesmo improvisar outras intervenções possíveis, na sua e noutras Escolas, afim de lutar contra a famigerada hipertensão arterial, que está a atingir populações cada vez mais jovens.

Foi bom de mais: ensinar, ver, ouvir, comentar e … aprender!
“Ai! Tensão”: como estará a minha, e ficará o meu coração, depois deste deslumbramento emocional???

1 Comments:

Blogger Ai! Tensão said...

Mais uma vez, agradecemos ao Professor Fernando de Pádua todo o apoio e todas as dicas que nos deu ao longo do ano. Relembrar que o facto de não desistir da sua “luta” (que devia ser a “luta” de todos, como muitas vezes nos relembrou) faz de si um verdadeiro exemplo de um cidadão activo, mobilizador.

O grupo Ai!Tensão, vai passar todo o trabalho desenvolvido ao Projecto de Saúde da Escola Secundária de Vergílio Ferreira, que continuará o trabalho com o nosso apoio e o de vários alunos da escola. Daqui a uns anos, será a escola mais saudável do país!

Muitos parabéns pelo prémio Calouste Gulbenkian, sem dúvida que foi merecido!



Ai!Tensão

6:42 da tarde

 

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