De Fernando de Pádua

28.11.08

Morreu-me o Prof. Manuel Ramos Lopes – foi o terceiro entre os amigos muito próximos que perdi recentemente: começou com o José Matias Sousa Vaz, de Almodôvar, a terra da minha infância e do meu coração, depois foi o Manuel Metello, o maior amigo de sempre, toda a vida desde os tempos do Liceu, e agora o Prof. Ramos Lopes, o Académico cuja amizade se foi fortalecendo em cada encontro universitário, em cada luta pela Cardiologia Preventiva, em cada Concurso de provas académicas e por fim em cada sessão nos Congressos de Cardiologia e de Hipertensão, onde nós dois, mais velhos, quais jarrões, guarnecíamos lado a lado a primeira fila, e nos juntávamos com as respectivas esposas, à mesa dos jantares, conversando toda a noite em Lisboa, Coimbra, Vilamoura e até Salvador da Bahia, Londres, Florença, ou Belém do Pará.

Quis tê-lo a presidir à Fundação Portuguesa de Cardiologia, quando eu a quis deixar para implementar o Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, que deveria ter sido o “braço armado” da Fundação! Infelizmente as coisas não puderam ser assim porque “o dever o prendia” antes de se aposentar, querendo deixar a sua «casa» bem arrumada, com dois herdeiros de alto gabarito que ele se estava a esforçar por ajudar condignamente, antes da sua própria Jubilação.

Outros, muito melhor do que eu (sendo conterrâneos) poderão testemunhar da vida do Prof. Ramos Lopes em Coimbra. Por mim recordo as suas conversas, escritos e os nunca esquecidos poemas. Dentre os versos quero recordar com este exemplo da sua lavra, que dedicou ao meu neto que nesse ano nos acompanhou) a maneira poética como relatava todos os eventos:

“Despertar”

Ao meu jovem Amigo Vasco Pádua


Jantei certo dia em Chaves,
E não foi em nenhum tasco,
Com o Pádua e a Família,
Incluindo o neto Vasco.
Que petiscou um presunto
Da terra, bem saboroso:
Fosse do sal ou da febra
Achei-o muito gostoso.

Vasco, Vasco, Vasco, Vasco,
Vai tomando gosto à vida.
Que Deus te faça feliz
Sem conta, peso ou medida.

Chaves, Convento de S. Francisco
2.2.2002



Obrigado meu Amigo Manuel Ramos Lopes por teres existido!
Fernando de Pádua

3 Comments:

Blogger José Maria Pimentel said...

Este comentário foi removido pelo autor.

1:31 da manhã

 
Blogger José Maria Pimentel said...

Caro Professor Fernando de Pádua,

Este texto foi-me mandado aqui para Tilburg (Holanda) pela minha mãe.

Devo dizer que gostei muito de ler as suas palavras.

Como decerto calculará, a sua amizade com o meu avô era bem conhecida de todos nós.

Gostava, por isso, de lhe agradecer o modo sentido como o descreve, que revela quão bem o conhecia.

Faz-nos a todos muita falta!

Obrigado, Zé Maria

1:34 da manhã

 
Blogger LR said...

Caro Prof. Fernando de Pádua:

O seu post calou fundo junto de todos os cá de casa.
Muito obrigada também por recordar assim o meu Pai..
(o comentário acima é do meu filho mais velho, "emigrado" na Holanda para fazer o seu mestrado em Economia, com grande apoio do Avô Manuel!)

Um beijo para si
Laura Ramos Lopes

1:50 da tarde

 

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