De Fernando de Pádua

27.11.07

MEDALHA DE HONRA DA MINHA FACULDADE

Na Abertura Solene do Ano lectivo, em 21 de Novembro (2007), a minha Faculdade de Medicina atribuiu-me uma Medalha de Honra pela carreira como Professor Universitário, aliás sumarizada num ternurento diaporama feito pelo meu discípulo, o Prof. Mário Lopes, actual Director do Serviço de Cardiologia.

No meu agradecimento recordei as traves mestras da minha vida de Médico e Professor: a Cardiologia com Eduardo Coelho, a Cardiologia Preventiva com Paul White, e a Saúde Pública com a Organização Mundial de Saúde.

E depois de recordar as tarefas inacabadas, nos meus 44 anos de Professor Universitário, terminei dizendo: «Hoje em dia, só com oitenta anos, continuo a fazer ensino, assistência e investigação, nas Instituições que criei, fora da Faculdade que me jubilou».

«De coração agradecido, a todos os Professores aqui presentes – incluindo o Magnifico Reitor cujas reivindicações escutámos há poucos dias – a todos desejo que os tempos, tão incertos, e os ventos tão ameaçadores, vos permitam cumprir bem a vossa missão – que deveria ser suprema neste País - como Professores Universitários, todos imbuídos do ideal de UNIVERSIDADE – ALMA MATER e LUZ DO MUNDO – que Eduardo Coelho soube imprimir em mim, há mais de 50 anos!!!

“Memórias do Vinho”, de Maria João de Almeida - II

Sem rebuço não deixei passar a oportunidade para defender também o meu sonho para os SUB-20 – “Crianças Saudáveis em Famílias Saudáveis”, pedindo aos pais e avós presentes, nessa noite de 8 de Novembro, que olhassem para, e falassem com, os filhos e netos e lhes dessem do seu tempo para falar das qualidades do bom vinho, com moderação, presente em todas as festas (como nas bodas de Canaá ou nos votos “à nossa saúde”), mas, em excesso, levando à destruição dos neurónios dos nossos jovens (e ao insucesso escolar), ou matando-os nas estradas.

Recordei também que o sal tem qualidades tais que ainda hoje os trabalhadores presentes recebem o seu “sal-ário” (como as legiões romanas recebiam o sal, pois permitia conservar os alimentos, ou dar-lhes mais sabor). Todavia a sua abundância na cozinha portuguesa mata por hipertensão, acidente vascular cerebral e doença do coração!
Até ao bebé que deixa de mamar, logo lhe dão sal nas sopinhas, pensando ser bem, mas prenunciando o mal.

Recordámos ainda ao final que o bom coração faz bem ao coração!

No ruído social ambiente quase se perderam as palavras finais de agradecimento a todos e à Rainha da Festa – a Maria João – em nome da nossa Fundação.

“Memórias do Vinho”, de Maria João de Almeida - I

Alma de poeta em corpinho de donzela, eis Maria João de Almeida, que (embevecida e com muita razão), nos mostrou a todos o seu primeiro e belo livro, uma “saga de sonhos” como lhe chamou o Professor e Escultor Charters de Almeida.

Numa cerimónia rara que juntou no Hotel Ritz Four Seaons
♥ a LITERATURA, com a história – romântica e ternurenta – dos vinhos e dos vinhedos de Portugal,
♥ a ARTE, com uma dádiva do Professor Charters, uma escultura múltipla, previsivelmente geradora de novos sonhos,
♥ e o BOM CORAÇÃO, uma das virtudes que um pouco de vinho parece ter sobre o coração-motor, mas que aqui se transformou no coração–alma, pois ofereceu o valor leiloado à Fundação que tem o meu nome!

Inicio do evento pelo enólogo Mário Louro, prefácio do livro de João Paulo Martins, colaboração de Paulo Loreano, impressão da Civilização Editora, palavras do Ministro da Agricultura Jaime Silva, antecedidas também por algumas palavras do beneficiado sobre a sua Fundação, que para além da escultura viu duas garrafas “Carvalho Ferreira Centenário” serem também leiloadas em favor da “Fundação Professor Fernando de Pádua”.

22.11.07

MORTE NA ESTRADA NÃO TEM CURA??

O Metro de 7 de Novembro deu notícia de uma campanha com tratamento de choque contra a velocidade e o álcool, anunciada pelo Secretário de Estado da Protecção Civil, Ascenso Simões. Em boa hora, e só lhe posso desejar os melhores resultados, para bem de todos nós, directamente ou por interpostas pessoas feridas ou mortas.

É evidente que a prevenção tem de passar pela educação das idades menores e pela cidadania dos maiores de idade.

Todavia e independentemente da guerra dos números (quantos quilómetros por hora nas estradas ou nas auto-estradas, ou quantos gramas de álcool ou droga no sangue) estou em crer que não serão devidamente defendidos os que não querem morrer, e não serão adequadamente castigados os verdadeiros infractores, enquanto as penas não forem devidamente ditadas e graduadas pela gravidade da infracção, e imediatamente pagas, retida a carta, e averbado o acontecimento na própria carta de condução.

Aos relapsos será logo duplicado ou triplicado o castigo (tanto em dinheiro, como em meses de suspensão da carta), ao que se seguirá interdição de conduzir. A pena é dura? Só perguntando aos mortos!

Não curará todos os males, mas lá que resulta, resulta mesmo. Acreditem no que vos digo.

14.11.07

Morreu-me o Metello

Manuel Dejante Pinto Magalhães Arnao Metello (nome de gigante, que nunca esqueci desde miúdo). O meu Amigo mais dedicado, mais fiel e mais antigo, dos primórdios do liceu. Só um ano mais novo, mas parecendo muito mais. Anos perdido no Brasil, voltando em 74 já doente do coração.

Ainda nos deu mais de trinta anos, sempre presente em todas as iniciativas do seu amigo Fernando, padrinho duma filha : co-fundador da nossa primeira Fundação Portuguesa de Cardiologia, co-fundador do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva. Ele e a Graça decidiram não fazer férias de Verão e ajudaram-me com todo o dinheiro que não gastaram. Co-fundador da nossa nova Fundação, que ele “exigiu” tivesse o meu nome «para defesa e memória de todo um ideal de prevenção e de saúde».

«Homem de valores e de muito valor, e grande amigo de todos nós» escrevemos nas flores nossas – de todos os nossos amigos e colaboradores que o acompanharam na despedida. Descubro por todos os lados colaboradores que o veneram porque a todos ajudou, em segredo de profissão, e sem querer paga.

Amante da Genealogia descobriu-se até aos Metellos da Roma antiga, e a mim deu-me como presente de aniversário a minha árvore genealógica até à Fundação do Reino de Portugal.

Morreu de pé, no campo de batalha pela justiça das rendas para os proprietários e para os inquilinos. E, como ouvi na cerimónia litúrgica, deve ter entrado directamente, de foguetão, no Reino dos Céus.

5.11.07

“O meu CINDI SUB 20… e como eu me vi hoje!

Contei há dias como um amigo me viu, e me falou dos SUB-20.

Nestes 50 anos da RTP mão amiga deu-me hoje um DVD com “O Seu Motor”, programa que José Manuel Tudela me ajudou a fazer, em 1979. Vaidoso – como já me chamaram – deliciei-me vendo-me com cabelo preto, grossos óculos e falando bem, ao lado de Pereira Miguel, Correia Nunes, Gil Forte, Miguel de Sousa e Pais de Lacerda (e Maria de Lourdes Modesto – cozinhando com pouco sal e pouco colesterol) todos muito novos, empertigados, e explicando a prevenção cardiovascular, como controlar a tensão reduzindo o sal, o nosso pão salgado, e o peso e não começar a fumar! E já falávamos nas crianças e como lhes dizer o que deviam e não deviam fazer.

E vi os postos de medição da tensão arterial, nas estações do metro, com voluntários da Fundação Portuguesa de Cardiologia que eu acabara de criar, e bichas de pessoas na rua, dizendo ao jornalista ser raro medirem a tensão!

Encanto, e… frustração:ensinávamos isto há 30 anos, com desenhos que trouxera da América há 50, e todavia estamos ainda hoje a pregar que a hipertensão é muito importante, parecendo – como o Sto. António – que falamos só para os peixes!

Por isso nasceu o CINDI SUB-20: é no princípio que tudo começa, e é às crianças que temos que falar, elas são espertas, sabem ouvir, e percebem-nos muito mais do que nós as percebemos. Se não os educarmos nas idades mais tenras, dando-lhes o conhecimento e o poder para decidirem sobre a sua vida, mais tarde (já obesos, sedentários e até viciados) já estarão incapacitados para aprender, e será tudo mais difícil, ou mesmo outro insucesso!!!